Didaquê – A Instrução dos Doze Apóstolos
- Felipe Morais
- 26 de fev. de 2020
- 14 min de leitura
Atualizado: 23 de abr.
INTRODUÇÃO
Nessa introdução, leia detalhes sobre a Didaquê e, em seguida, o Documento completo.
Didaquê em grego (Διδαχή) significa “ensino”, “doutrina”, “instrução”.
Chamado de: Instrução dos Doze Apóstolos ou Doutrina dos Doze Apóstolos.
Alguns acreditam que esta é a Epístola Apostólica escrita pelo Primeiro Concílio Apostólico em Jerusalém (ver Atos 15.30) próximo do ano 50 sob a direção de Tiago, o Justo. E teria sido enviada através do apóstolo Paulo aos crentes gentios (Atos 15.25-30). Entretanto, isso não pode ser comprovado historicamente.
O que é a Didaquê?
É um escrito do primeiro século que trata do ensino cristão. Embora não o consideremos como parte das Escrituras Sagradas — isto é, "inspirado e inerrante" — é de grande valor histórico e teológico. O título lembra a referência de “E perseveravam na doutrina dos apóstolos…” (Atos 2:42).
Estudiosos estimam que são escritos anteriores à destruição do templo de Jerusalém, entre os anos 60 e 70 d.C. Outros estimam que foi escrito entre os anos 70 e 90 d.C., contudo são coesos quanto à origem sendo na Judeia ou Síria. Toda a tese de datação após o primeiro século deve ser desconsiderada.
“O documento mais importante do período sub-apostólico e a mais antiga fonte de lei eclesiástica que possuímos… Enriqueceu e aprofundou de modo extraordinário o nosso conhecimento dos primórdios da Igreja” (J. Quasten).
“Um dos documentos mais fascinantes e, ao mesmo tempo, mais intrigantes a emergirem da igreja primitiva” (M. W. Holmes).“Nenhum documento da igreja antiga tem se revelado tão desconcertante para os estudiosos como esse folheto aparentemente inocente” (C. C. Richardson).
Provas de antiguidade (Século 1): O título “servo de Deus” aplicado a Jesus. O uso da expressão aramaica Maranatha. A simplicidade litúrgica e das orações apontam para um período em que a Ceia do Senhor era ainda uma ceia. O batismo em água corrente. Preocupação em distinguir as práticas cristãs dos rituais judaicos (8.1). Ausência de preocupação com um credo universal. Nenhuma referência aos livros do Novo Testamento. Nenhuma referência ao episcopado monárquico. Ênfase aos ofícios carismáticos e itinerantes: apóstolos e profetas. Dupla estrutura de bispos e diáconos (ver Fp 1.1). Outros temas ausentes: virgindade, tendências gnósticas e antignósticas. Quanto à sua autenticidade, atualmente é de senso comum que o mesmo não tenha sido escrito pelos doze apóstolos, ainda que o título do escrito lhes faça menção. Contudo, estudiosos acreditam na compilação de fontes orais, tendo recebido os ensinamentos que resultaram na elaboração do texto. Também é senso comum que tenha sido escrito por mais de uma pessoa.
Uso na Antiguidade
A Didaquê gozou de ampla circulação por todo o período patrístico até o 4º século, sendo aceita como um livro digno de ser lido no culto divino. Citada por Clemente de Alexandria (150 d.C.) como Escritura (graphé); o livro 7 das Constituições Apostólicas (Síria, Século 4) é parcialmente baseado na Didaquê; “Os Dois Caminhos” (caps. 1-6) são muito semelhantes aos capítulos 18-20 da Epístola de Barnabé (100-130 d.C.). É possível que ambos os documentos tenham se baseado em uma fonte comum. Também é citado por Rufino (340 d.C.). Outros autores acharam necessário destacar que a Didaquê não possuía caráter canônico. Eusébio de Cesaréia, autor do livro História Eclesiástica, refere-se a ela como um dos livros apócrifos ou espúrios, ou rejeitados para o cânon (Hist. Ecles., III, 25, 4). Atanásio faz o mesmo, mas afirma que ela ainda era usada na instrução da Igreja (Ep. Fest. 39).
A descoberta desse manuscrito, na íntegra, em grego, num códice do século XI (ano 1056) ocorreu somente em 1873 num mosteiro em Constantinopla, o chamado Codex Hierosolymitanus. Existem outras versões antigas da Didaquê: copta, etíope, georgiana e latina.
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DIDAQUÉ: A Instrução dos Doze Apóstolos
(Século I)
CAPÍTULO 1 — Os Dois Caminhos; O Primeiro Mandamento
1 Há dois caminhos: um da vida e um da morte; e há uma grande diferença entre os dois caminhos. 2 O caminho da vida, então, é este: Primeiro, amarás a Deus que te fez; segundo, “teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37-39); e todas as coisas quaisquer que não queres que te aconteçam, não as faças também a outro. 3 E destes ditos o ensinamento é este: “Abençoai os que vos amaldiçoam e orai por vossos inimigos, e jejuai por aqueles que vos perseguem” (Lc 6.28). Pois que gratidão haverá, se amais os que vos amam? Não fazem também os gentios o mesmo? Mas amai vós os que vos odeiam; e não tereis inimigo. 4 Abstém-te das concupiscências carnais e mundanas. “Se alguém te der um golpe na tua face direita, oferece-lhe também a outra; e serás perfeito” (Mt 5.39). Se alguém te obrigar a ir por uma milha, vai com ele duas. “Se alguém te tirar a tua capa, dá-lhe também a tua túnica” (Mt 5.40-42). Se alguém te tomar o que é teu, não o peças de volta, pois, na verdade, não és capaz. 5 “Dá a todo aquele que te pede, e não o peças de volta” (Lc 6.30); pois o Pai quer que a todos seja dado de nossas próprias bênçãos (dons gratuitos). Feliz é aquele que dá segundo o mandamento; pois ele é inocente. Ai daquele que recebe; pois se alguém, tendo necessidade, recebe, é inocente; mas aquele que recebe não tendo necessidade, pagará a pena, porque recebeu e para quê, e, chegando a apertos (confinamento), será examinado acerca das coisas que fez, “e não escapará dali até que pague o último centavo” (Mt 5.26). 6 Mas também agora acerca disto, foi dito: Que tuas esmolas suem em tuas mãos, até que saibas a quem deves dar.
CAPÍTULO 2 — O Segundo Mandamento: Pecado Grave Proibido.
1 E o segundo mandamento do Ensinamento: 2 “Não cometerás assassinato, não cometerás adultério”, não cometerás pederastia, não cometerás fornicação, “não furtarás”, não praticarás magia, não praticarás feitiçaria, não matarás uma criança por aborto nem matarás o recém-nascido. “Não cobiçarás as coisas do teu próximo” (Êx 20.13-17), 3 não jurarás falsamente, “não darás falso testemunho”, não falarás mal, não guardarás rancor. 4 Não serás de mente dupla nem de língua dupla; pois ser de língua dupla é “um laço de morte” (Pv 21.6). 5 Tua fala não será falsa nem vazia, mas cumprida por atos. 6 Não serás avarento, nem roubador, nem hipócrita, nem mal-intencionado, nem arrogante. Não tomarás mau conselho contra o teu próximo. 7 Não odiarás nenhum homem; mas a alguns repreenderás, por alguns orarás e alguns amarás mais que a tua própria vida.
CAPÍTULO 3 — Outros Pecados Proibidos.
1 Meu filho, foge de toda coisa má e de toda semelhança dela (1Ts 5.22). 2 Não sejas propenso à ira, pois a ira conduz ao assassinato; nem ciumento, nem briguento, nem de temperamento quente; pois de todas estas, assassinatos são gerados. 3 Meu filho, não sejas um luxurioso; pois a luxúria conduz à fornicação; nem um falador sujo, nem de olhar altivo; pois de todos estes, adultérios são gerados. 4 Meu filho, não sejas um observador de presságios, pois isso conduz à idolatria; nem um encantador, nem um astrólogo, nem um purificador, nem queiras olhar para estas coisas; pois de todas estas, idolatrias são geradas. 5 Meu filho, não sejas um mentiroso, pois a mentira conduz ao furto; nem amante do dinheiro, nem vaidoso, pois de todos estes, furtos são gerados. 6 Meu filho, não sejas um murmurador, pois isso conduz à blasfêmia; nem teimoso, nem mal-intencionado, pois de todas estas, blasfêmias são geradas. 7 Mas seja manso, pois os mansos herdarão a terra. 8 Seja longânimo, e piedoso, e sem dolo, e gentil, e bom, e sempre tremendo às palavras que ouviste. 9 Não te exaltarás, nem darás autoconfiança à tua alma. Tua alma não se unirá com os altivos, mas com os justos e humildes terás sua convivência. 10 As obras que te acontecem, recebe-as como boas, sabendo que à parte de Deus nada acontece.
CAPÍTULO 4 — Vários Preceitos.
1 Meu filho, aquele que te fala a palavra de Deus, lembra-te dele noite e dia; e o honrarás como ao Senhor; pois no lugar de onde a doutrina do Senhor é proferida, ali está o Senhor. 2 E procurarás dia a dia a presença dos santos irmãos para que possais concordar em suas palavras. 3 Não desejarás divisão, mas levarás à paz aqueles que contendem. Julgarás justamente, não farás acepção de pessoas ao repreender por transgressões. 4 Não serás indeciso se algo será ou não. 5 Não sejas um estendedor das mãos para receber e um puxador delas para dar. 6 Se tens algo, por tuas mãos darás resgate por teus pecados. 7 Não hesitarás em dar nem murmurarás quando deres; pois saberás quem é o bom pagador do salário. 8 Não te desviarás daquele que está necessitado, mas compartilharás todas as coisas com teu irmão, e não dirás que são tuas; pois se sois participantes daquilo que é imortal, quanto mais em coisas que são mortais? 9 Não retirarás tua mão de teu filho nem de tua filha, mas desde a sua juventude lhes ensinarás o temor de Deus. 10 Não ordenarás nada em tua amargura ao teu servo ou serva, que esperam no mesmo Deus, para que nunca temam a Deus, que está sobre ambos; pois ele não vem chamar segundo a aparência exterior, mas àqueles que o Espírito preparou. 11 E vós, servos, sujeitar-vos-eis a vossos senhores como a um tipo de Deus, em modéstia e temor. 12 Odiarás toda hipocrisia e tudo o que não é agradável ao Senhor. 13 De modo nenhum abandonarás os mandamentos do Senhor; mas guardarás o que recebeste, não acrescentando nem tirando nada. 14 Na congregação, reconhecerás tuas transgressões e não te aproximarás do teu lugar de oração com uma má consciência. Este é o caminho da vida.
CAPÍTULO 5 — O Caminho da Morte.
1 E o caminho da morte é este: Primeiramente, é mau e cheio de maldição: assassinatos, adultérios, luxúrias, fornicação, furtos, idolatrias, artes mágicas, feitiçarias, rapina, falsos testemunhos, hipocrisias, duplicidade de coração, engano, arrogância, depravação, teimosia, ganância, fala suja, ciúme, autoconfiança excessiva, altivez, vanglória; 2 perseguidores dos bons, odiando a verdade, amando a mentira, não conhecendo a recompensa pela justiça, não se apegando ao bem nem ao julgamento justo, não vigiando o que é bom, mas o que é mau; de quem a mansidão e a perseverança estão longe, amando vaidades, buscando retribuição, não tendo piedade de um pobre, não trabalhando pelos aflitos, não conhecendo Aquele que os fez, assassinos de crianças, destruidores da obra de Deus, desviando-se daquele que está necessitado, afligindo aquele que está angustiado, defensores dos ricos, juízes ímpios dos pobres, pecadores completos. Sejam libertos, filhos, de todas estas coisas.
CAPÍTULO 6 — Contra Falsos Mestres e Alimento Oferecido a Ídolos.
1 Vede que ninguém vos faça errar deste caminho do Ensinamento, visto que, à parte de Deus, ele vos ensina. 2 Porque se puderdes suportar todo o jugo do Senhor, sereis perfeitos; mas, se ainda não puderdes, fazei o que puderdes. 3 E com relação ao alimento, suportai o que sois capazes; mas contra aquilo que é sacrificado a ídolos, sede extremamente cautelosos; pois é o serviço de deuses mortos.
CAPÍTULO 7 — A Respeito do Batismo.
1 E a respeito do batismo, batizai assim: Tendo primeiro dito todas estas coisas, batizai em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, em água viva (água corrente). 2 Mas se não tendes água viva (água corrente), batizai em outra água; e se não puderdes em água fria, em água quente. 3 Mas se não tendes nenhuma das duas, derramai água três vezes sobre a cabeça em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 4 Mas antes do batismo, jejuem o batizador e o batizado, e quaisquer outros que puderem; mas ordenareis ao batizado que jejue um ou dois dias antes.
CAPÍTULO 8 — A Respeito do Jejum e da Oração (A Oração do Senhor).
1 Mas que vossos jejuns não sejam como os dos hipócritas; pois eles jejuam no segundo e no quinto dia da semana; mas jejuai vós no quarto dia e na Preparação (sexta-feira). 2 Nem oreis como os hipócritas; mas como o Senhor ordenou em Seu Evangelho, orai assim: “Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino. Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu. Dá-nos hoje o nosso pão diário (necessário), e perdoa-nos a nossa dívida, assim como nós também perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do maligno (ou, mal); pois Teu é o poder e a glória para sempre” (Mt 6.9-13). 3 Três vezes ao dia, orai assim.
CAPÍTULO 9 — A Ação de Graças (Ceia do Senhor - Eucaristia).
1 Ora, concernente à Ação de Graças (Ceia), assim dai graças. 2 Primeiro, concernente ao cálice: “Nós Te agradecemos, nosso Pai, pela santa videira de Davi, Teu servo, a qual Tu nos fizeste conhecer através de Jesus, Teu Servo; a Ti seja a glória para sempre.” 3 E concernente ao pão partido: “Nós Te agradecemos, nosso Pai, pela vida e conhecimento que Tu nos fizeste conhecer através de Jesus, Teu Servo; a Ti seja a glória para sempre. 4 Assim como este pão partido foi espalhado sobre as colinas, e foi reunido e se tornou um, assim seja reunida a Tua Igreja desde os confins da terra em Teu reino; pois Teu é o poder e a glória através de Jesus Cristo para sempre.” 5 Mas que ninguém coma ou beba de vossa Ação de Graças (Ceia), senão aqueles que foram batizados em nome do Senhor; pois concernente a isto também o Senhor disse: “Não deis o que é santo aos cães” (Mt 7.6).
CAPÍTULO 10 — Oração Após a Comunhão.
1 Mas depois de vos fartardes, assim dai graças: 2 “Nós Te agradecemos, Pai santo, por Teu santo nome que Tu fizeste habitar em nossos corações, e pelo conhecimento, fé e imortalidade, que Tu nos fizeste conhecer através de Jesus, Teu Servo; a Ti seja a glória para sempre. 3 Tu, Mestre todo-poderoso, criaste todas as coisas por causa do Teu nome; Tu deste alimento e bebida aos homens para desfrute, para que Te dessem graças; mas a nós Tu deste gratuitamente alimento e bebida espirituais e vida eterna através de Teu Servo. 4 Antes de todas as coisas, nós Te agradecemos porque Tu és poderoso; a Ti seja a glória para sempre. 5 Lembra-Te, Senhor, de Tua Igreja, para livrá-la de todo o mal e para torná-la perfeita em Teu amor, e ajunta-a dos quatro ventos, santificada para Teu reino que Tu preparaste para ela; pois Teu é o poder e a glória para sempre. 6 Venha a graça e passe este mundo. Hosana ao Deus (Filho) de Davi! Se alguém é santo, que venha; se alguém não o é, que se arrependa. Maranata. Amém.” 7 Mas permiti aos profetas que façam a Ação de Graças tanto quanto desejarem.
CAPÍTULO 11 — A Respeito de Mestres, Apóstolos e Profetas.
1 Portanto, todo aquele que vier e vos ensinar todas estas coisas que foram ditas antes, recebei-o. 2 Mas se o próprio mestre, desviado, ensinar outra doutrina para a destruição desta, não o ouçais; mas se ensinar de modo a aumentar a justiça e o conhecimento do Senhor, recebei-o como ao Senhor. 3 Mas a respeito dos apóstolos e profetas, segundo o decreto do Evangelho, fazei assim. 4 Que todo apóstolo que vier a vós seja recebido como ao Senhor. 5 Mas ele não permanecerá senão um dia; mas se houver necessidade, também no dia seguinte; mas se permanecer três dias, é um falso profeta. 6 E quando o apóstolo se for, que não leve nada senão pão até se hospedar; mas se pedir dinheiro, é um falso profeta. 7 E todo profeta que falar no Espírito, não o provareis, nem o julgareis; pois “todo pecado será perdoado, mas este pecado não será perdoado” (Mt 12.31). 8 Mas nem todo aquele que fala no Espírito é um profeta; mas somente se guardar os caminhos do Senhor. Portanto, por seus caminhos, se conhecerá o falso profeta e o profeta. 9 E todo profeta que ordenar uma refeição no Espírito não comerá dela, a não ser que seja de fato um falso profeta; 10 e todo profeta que ensina a verdade, se não fizer o que ensina, é um falso profeta. 11 E todo profeta, provado verdadeiro, trabalhando para o mistério da Igreja no mundo, mas não ensinando outros a fazer o que ele mesmo faz, não será julgado entre vós, pois com Deus ele tem o seu julgamento; pois assim fizeram também os antigos profetas. 12 Mas quem disser no Espírito: “Dai-me dinheiro” ou outra coisa, não o ouvireis; mas se vos disser para dar por causa de outros que estão necessitados, que ninguém o julgue.
CAPÍTULO 12 — Recepção de Cristãos.
1 Mas que todo aquele que vier em nome do Senhor seja recebido; e depois o provareis e o conhecereis, pois tereis entendimento à direita e à esquerda. 2 Se aquele que vier for um viajante, ajudai-o tanto quanto puderdes; mas ele não permanecerá convosco senão dois ou três dias, se houver necessidade. 3 Mas se ele quiser permanecer convosco, sendo um artesão, que trabalhe e coma; mas se não tiver ofício, 4 segundo o vosso entendimento, vede que, como cristão, ele não viva ocioso convosco. 5 Mas se não quiser fazer assim, é um mercador de Cristo. Vigiai para que vos afasteis de tais.
CAPÍTULO 13 — Sustento dos Profetas.
1 Mas todo verdadeiro profeta que quiser permanecer entre vós “é digno do seu sustento” (Mt 10.10). 2 Assim também um verdadeiro mestre é digno, como o trabalhador, do seu sustento. 3 Toda primícia, portanto, dos produtos do lagar e da eira, de bois e de ovelhas, tomareis e dareis aos profetas, pois eles são vossos sumos sacerdotes. 4 Mas se não tendes um profeta, dai-a aos pobres. 5 Se fazeis uma fornada de massa, tomai a primícia e dai-a segundo o mandamento. 6 Assim também, quando abris um jarro de vinho ou de azeite, tomai a primícia e dai-a aos profetas; 7 e de dinheiro (prata) e vestuário e toda posse, tomai a primícia, como vos parecer bom, e dai-a segundo o mandamento.
CAPÍTULO 14 — Assembleia Cristã no Dia do Senhor.
1 Mas a cada Dia do Senhor, reuni-vos, e parti o pão, e dai graças após haverdes confessado vossas transgressões, para que vosso sacrifício seja puro. 2 Mas que ninguém que esteja em discórdia com seu companheiro se reúna convosco, até que se reconciliem, para que vosso sacrifício não seja profanado. 3 Pois isto é o que foi dito pelo Senhor: “Em todo lugar e tempo oferecei-me um sacrifício puro; pois eu sou um grande Rei, diz o Senhor, e meu nome é maravilhoso entre as nações” (Ml 1.11).
CAPÍTULO 15 — Bispos e Diáconos; Repreensão Cristã.
1 Portanto, nomeai para vós mesmos bispos e diáconos dignos do Senhor, homens mansos, e não amantes do dinheiro, e verdadeiros e provados; pois eles também vos prestam o serviço de profetas e mestres. 2 Não os desprezeis, portanto, pois eles são vossos honrados, juntamente com os profetas e mestres. 3 E repreendei-vos uns aos outros, não com ira, mas em paz, como tendes no Evangelho; mas a todo aquele que agir mal contra outro, que ninguém fale, nem ouça nada de vós até que se arrependa. 4 Mas vossas orações e vossas esmolas e todas as vossas obras fazei assim, como tendes no Evangelho de nosso Senhor.
CAPÍTULO 16 — Vigilância; A Vinda do Senhor.
1 Vigiai por vossa vida. Que vossas lâmpadas não se apaguem, nem vossos lombos se desatem; mas “estai preparados”, pois “não sabeis a hora em que nosso Senhor virá” (Lc 12.35; Mt 24.42). 2 Mas frequentemente vos reunireis, buscando as coisas que são convenientes para vossas almas; pois todo o tempo de vossa fé não vos aproveitará, se não fordes aperfeiçoados no último tempo. 3 Pois nos últimos dias falsos profetas e corruptores se multiplicarão, e as ovelhas se transformarão em lobos, e o amor se transformará em ódio; 4 pois quando a iniquidade aumentar, eles se odiarão e perseguirão e trairão uns aos outros, e então aparecerá o Enganador do mundo como (se fosse o) Filho de Deus, e fará sinais e maravilhas, e a terra será entregue em suas mãos, e ele fará coisas iníquas que nunca aconteceram desde o princípio. 5 Então a criação dos homens virá ao fogo da provação, e muitos tropeçarão e perecerão; “mas aqueles que perseverarem em sua fé serão salvos” por aquele que os outros amaldiçoam (Mt 24.13). 6 E então aparecerão os sinais da verdade; primeiro, o sinal de uma expansão no céu; depois, o sinal do som da trombeta; e o terceiro, a ressurreição dos mortos; 7 contudo, não de todos, mas como está escrito: “O Senhor virá e todos os Seus santos com Ele” (Mt 25.35). 8 Então “o mundo verá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu” (Zc 14.5; 1Ts 3.13; Mt 24.30; Ap 1.7).
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BIBLIOGRAFIA DO COMENTÁRIO DE INTRODUÇÃO
EUSÉBIO DE CESARÉIA. História Eclesiástica: Os primeiros quatro séculos da Igreja Cristã. 1ª. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p. 104.
QUASTEN, Johannes. Patrology. Vol. I: The beginnings of patristic literature. Westminster, Maryland: Christian Classics, 1993.
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