Os Vales de Jerusalém
- Felipe Morais
- 1 de mar. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 13 de mai.
A definição encontrada para a palavra vale significa: Depressão ou planície entre montes ou no sopé de um monte, quase sempre banhada por um rio. Esta palavra é encontrada na Bíblia 188 vezes no Velho Testamento e 1 vez no Novo Testamento.
Veremos os vales da cidade de Jerusalém e logo em seguida os demais vales de Israel.
Na figura acima vemos os 3 vales de Jerusalém destacado em suas respectivas cores:
Vale de Cedrom (Vale de Jeosafá)
Vale de Tiropeon – Vale Central
Vale de Hinom – Geena
[detalhe para o Templo entre o Vale de Tiropeon e o Vale de Cedrom]
Cedrom, sig. “escuro”, “turvado”.
Profeticamente é chamado de Vale de Jeosafá ou “baixada de Jeosafá”, que significa “O vale onde Deus julgará” (Vale do Julgamento). – (Joel 3:2,12,14). Por isso é visto profeticamente como o “Vale do Juízo Final”.
E toda a terra chorava a grandes vozes, passando todo o povo; também o rei [Davi, fugindo de Absalão] passou o ribeiro de Cedrom, e passou todo o povo na direção do caminho do deserto. – 2 Samuel 15:23, grifo nosso
E Asa fez o que era reto aos olhos do Senhor, como Davi seu pai. Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos os ídolos que seus pais fizeram. E até a Maaca, sua mãe, removeu para que não fosse rainha, porquanto tinha feito um horrível ídolo a Aserá; também Asa desfez o seu ídolo horrível, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom. – 1 Reis 15:11-13, grifo nosso
E o rei [Josias] mandou ao sumo sacerdote Hilquias, aos sacerdotes da segunda ordem, e aos guardas do umbral da porta, que tirassem do templo do Senhor todos os vasos que se tinham feito para Baal, para o bosque e para todo o exército dos céus e os queimou fora de Jerusalém, nos campos de Cedrom e levou as cinzas deles a Betel. – 2 Reis 23:4, grifo nosso [O rei Josias] Também tirou da casa do Senhor o ídolo do bosque [Aserá] levando-o para fora de Jerusalém até ao ribeiro de Cedrom, e o queimou junto ao ribeiro de Cedrom, e o desfez em pó, e lançou o seu pó sobre as sepulturas dos filhos do povo. – 2 Reis 23:6, grifo nosso
Tendo Jesus dito isto, saiu com os seus discípulos para além do ribeiro de Cedrom*, onde havia um jardim [Getsêmani], no qual ele entrou e seus discípulos. – João 18:1, grifo nosso
* Esse ribeiro existe somente no inverno, quando caem as águas das chuvas.
Esse vale separa Jerusalém do monte das Oliveiras. Inicia-se próximo ao Monte Scorpus ou Atalaia (local que era chamado de Túmulo dos Juízes – 2Sm 18.18), se encontra com o Vale de Hinom e segue em direção sul rumo ao Mar Morto. E exatamente onde esse vale se desemboca começaram a aparecer poços ou fontes de águas doces chamadas “bolaines”.
Em Ezequiel 47.1-12 é dito que surgirá do limiar do Templo no monte Moriá um rio e suas águas serão conduzidas pelo vale do Cedrom até o Mar Morto e tornarão as águas salgadas em águas saudáveis.
“Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar[Salgado]; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis. E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio. Será também que os pescadores estarão em pé junto dele; desde En-Gedi até En-Eglaim haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande[Mediterrâneo], em multidão excessiva.” Ezequiel 47:8-10, grifo nosso
Para muitos, esse também é o Vale do Rei [chamado de Vale de Savé – 2Sm 18.18]
E [Bera] o rei de Sodoma saiu-lhe ao encontro (depois que [Abrão] voltou de ferir a Quedorlaomer e aos reis que estavam com ele) até ao Vale de Savé, que é o vale do rei. E Melquisedeque, rei de Salém, trouxe pão e vinho; e era este sacerdote do Deus Altíssimo. – Gênesis 14:17,18
Vale de Tiropeon – Vale Central
Às vezes chamado de “Vale Central” devido à sua localização, fazia divisão entre o Monte Moriá (do Templo) e o Monte Sião.
O Vale de Tiropeon, em grego significa Vale dos Queijeiros (segundo Josefo). Devido às modificações geológicas, não é mais um vale, mas uma planície que está na base do muro ocidental (Muro das Lamentações). O Tanque de Siloé fica ao sul desse Vale.
Vale de Hinom – Geena
Geena refere-se ao vale de Hinom.
Geh Ben-Hinom, literalmente “Vale do Filho de Hinom”) que é um vale em torno da Cidade Antiga de Jerusalém. Inicia-se ao lado da Porta de Jafa ou Jafo (no sentido de quem vai para Jope) , passando ao normte do Monte Alcedama (que significa: “campo de sangue” – área comprada por 30 moedas oriundas da traição de Judas). Desse vale podemos ver as três portas nas muralhas: Porta do Vale, Porta do Esterco e Porta da Fonte (na época do NT).
No encontro do Vale do Hinom e Vale do Cedrom há uma fonte chamada En-Rogel, onde Adonias fez um banquete com a cúpula da corte do rei Davi. Mas logo próximo dali uns 600 metros, na fonte de Giom, no Vale do Cedrom, Salomão era coroado o novo rei de Israel, por Zadoque e Natã, sob as bênçãos de Davi.
Este é o limite territorial entre a tribo de Benjamim e Judá. Jerusalém pertence ao território de Benjamim.
E este termo sobe pelo vale do filho de Hinom, do lado sul dos jebuseus (esta é Jerusalém) e sobe este termo até ao cume do monte que está diante do vale de Hinom para o ocidente, que está no fim do vale dos refains do lado do norte. -Josué 15:8
O vale dos “filhos de Hinom”, também chamado Geena e vale da sombra da morte (Sl 23.4).
Aqui Davi derrotou por duas vezes os filisteus (2Sm 5.17-25 e 1Cr 11; 14.9-16). Infelizmente, mais tarde, nesse vale Salomão ergueu um altar a Moloque (1Rs 11.4-7) onde os reis israelitas (Acaz e Manassés) fariam o sacrifício de suas crianças ao deus Moloque (2Rs 16.3; 2Cr 28.1-3; 33.1-6) imitando assim as nações que o precederam em Canaã (Deuteronômio 12:31; Levítico 18:21). O profeta Jeremias chama esse local de Tofete (Jr 7.31,32; 32.30-35; 2Rs 23.10).
O rei Josias mandou destruir os altares de Tofete, no vale de Hinom, e assim fez surgir um depósito de lixo da cidade de Jerusalém, o qual queimava dia e noite. Daí, surgiu o Geena “de fogo”. O povo via os cadáveres de homens, animais e lixo queimando dia e noite no vale (“ge”) bem (“filho”) Hinom. Ge+Hinom no grego, deu origem à expressão Geena. No latim e português Geena é uma referência ao “lago de fogo”. Popularmente é conhecido como “inferno”. Mas vale lembrar que a palavra “inferno” é também utilizada para traduzir outros termos que nada têm a ver com o lago de fogo como: o hebraico Sheol, equivalente ao grego Hades (Mateus 16:18), que se referem simplesmente ao “mundo dos mortos” e também o termo grego Tártaro, que refere-se ao “abismo” onde alguns anjos estão aprisionados (2 Pedro 2:4).
Este vale passou a ser usado como depósito de lixo, onde se lançavam os cadáveres de pessoas que eram consideradas indignas, restos de animais, e toda outra espécie de imundície. Usava-se enxofre para manter o fogo aceso e queimar o lixo. Jesus usou este vale como símbolo do tormento eterno.
O Geena (vale de Hinom) está associado com o Lago de Fogo de Apocalipse 20: 14, que representa a segunda morte.
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