Deuteronômio 2: A Jornada e Conquistas de Israel
- Felipe Morais
- 26 de jun.
- 5 min de leitura
Uma Análise das Jornadas e Conquistas de Israel
Deuteronômio 2 oferece um panorama detalhado da jornada de Israel rumo à Terra Prometida, narrado por Moisés, destacando as ordens divinas sobre quais nações deveriam ser poupadas e quais deveriam ser confrontadas. Este capítulo é um registro crucial dos últimos trinta e oito anos de peregrinação no deserto, um período de disciplina divina que precedeu a entrada em Canaã.
Os Anos no Deserto e a Transição de Uma Geração
Antes de Deuteronômio 2, o povo de Israel passou muitos dias rodeando o monte Seir. O Senhor, então, disse a Moisés: "Tendes rodeado bastante esta montanha; virai-vos para o norte" (Deuteronômio 2:3, ACF). Este momento marcava uma virada na história de Israel. Os trinta e oito anos de peregrinação, desde Cades-Barneia até a travessia do ribeiro de Zerede, foram um tempo em que toda a geração dos homens de guerra se consumiu do meio do arraial, como o Senhor lhes jurara. Durante esses anos, Israel não teve as bênçãos da aliança com Deus e não há registro de que tenham observado a Páscoa ou circuncidado seus filhos, obrigações que seriam retomadas após a travessia do Jordão sob Josué. A mão do Senhor foi contra eles para os destruir até que fossem consumidos.
Essa longa jornada, apesar das dificuldades e da disciplina, foi um testemunho do cuidado de Deus. Ele abençoou Israel de tal forma que "o Senhor teu Deus te abençoou em toda a obra das tuas mãos; ele sabe que andas por este grande deserto; estes quarenta anos o Senhor teu Deus esteve contigo, coisa nenhuma te faltou" (Deuteronômio 2:7, ACF). Essa provisão divina eliminava qualquer necessidade de atacar ou explorar nações vizinhas.

As Três Nações Preservadas por Ordem Divina
Moisés relembra como o Senhor ordenou aos israelitas que não se apoderassem da terra de três nações, demonstrando a soberania de Deus sobre todos os territórios e povos.
Edom (Seir): Parentes de Esaú O Senhor ordenou a Israel: "Não vos envolvais com eles, porque não vos darei da sua terra nem ainda a pisada da planta de um pé; porquanto a Esaú tenho dado o monte Seir por herança" (Deuteronômio 2:5, ACF). Os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó, e portanto, parentes dos israelitas. Moisés tentou uma abordagem amigável, propondo que comprassem comida e água. Embora os edomitas tenham se mostrado hostis e não permitido a passagem pacífica, Moisés obedeceu à ordem de Deus e guiou o povo por outro caminho, contornando o monte Seir. O temor do Senhor já estava sobre as nações, o que ajudou a evitar conflitos desnecessários.
É notável que, em sua graça, Deus se lembrou dos descendentes de Esaú, poupando-os por serem parentes de Abraão e Isaque. Contudo, essa proteção foi temporária; a Bíblia prevê que futuramente Israel possuirá a terra de Edom.
Nessa região, habitaram os horeus, que foram desapossados pelos filhos de Esaú, assim como Israel fez em sua própria terra.
Moabe: Descendentes de Ló A ordem divina para os moabitas foi similar: "Não molestes aos de Moabe, e não contendas com eles em peleja, porque não te darei herança da sua terra; porquanto tenho dado a Ar por herança aos filhos de Ló" (Deuteronômio 2:9, ACF). Os moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão. A travessia do ribeiro de Zerede marcou o fim da errância no deserto para Israel. Assim como Edom, Moabe também abrigou gigantes no passado, como os emins, que foram considerados semelhantes aos anaquins e expulsos pelos moabitas.
A proteção de Moabe por Deus, por serem parentes de Ló, é um exemplo da bondade divina, que às vezes abençoa pessoas por sua relação com outros. Similar a Edom, Moabe também viria a ser possuída por Israel em tempos posteriores.
Amom: Descendentes de Ló Para os amonitas, a ordem foi: "E chegando até defronte dos filhos de Amom, não os molestes, e com eles não contendas; porque da terra dos filhos de Amom não te darei herança, porquanto aos filhos de Ló a tenho dado por herança" (Deuteronômio 2:19, ACF). Os amonitas, assim como os moabitas, eram descendentes de Ló. Sua terra também foi considerada uma terra de gigantes, onde os amonitas chamavam os gigantes de zamzumins (Deuteronômio 2:20,21). Deus os destruiu de diante dos amonitas, que então habitaram em seu lugar. O território amonita ficou fora dessa conquista inicial de Israel.
A decisão de evitar esses conflitos foi um ato de sabedoria e obediência à ordem divina. "Assim, pois, seguimos as coisas da paz e também as da edificação de uns para com os outros" (Romanos 14:19).
A Conquista dos Amorreus: Seom e Ogue
Ao contrário das nações parentes, o Senhor decidiu que Israel deveria confrontar e destruir os amorreus, marcando o verdadeiro começo da tomada da terra prometida a Abraão.
Derrota de Seom, Rei de Hesbom Antes da batalha, Moisés enviou a Seom, rei de Hesbom, uma proposta de paz, oferecendo passar pacificamente por sua terra e pagar por comida e água, da mesma forma que fizeram com edomitas e moabitas. No entanto, "Siom, rei de Hesbom, não nos quis deixar passar por sua terra, porquanto o Senhor teu Deus endurecera o seu espírito, e fizera obstinado o seu coração para to dar na tua mão, como hoje se vê" (Deuteronômio 2:30, ACF).
Seom e seu povo saíram para lutar em Jaza. O Senhor entregou Seom a Israel, resultando em uma grande vitória. Israel feriu a ele, a seus filhos e a todo o seu povo. "E naquele tempo tomamos todas as suas cidades, e cada uma destruímos com os seus homens, mulheres e crianças; não deixamos a ninguém; somente tomamos por presa o gado para nós, e o despojo das cidades que nós levamos" (Deuteronômio 2:34-35, ACF). Nenhuma cidade escapou da mão de Israel. Aroer, à margem do ribeiro de Arnom, e a cidade junto ao ribeiro foram conquistadas, estabelecendo a fronteira sul do território israelita.
Derrota de Ogue, Rei de Basã A vitória sobre Seom animou os israelitas a confrontar Ogue, rei de Basã (Deuteronômio 3:1-13). Embora as cidades tivessem muralhas altas e Ogue fosse um gigante, isso não causou os problemas temidos pela geração mais velha, pois Deus é maior que as muralhas e mais poderoso que os gigantes!. Após vencerem a batalha, Israel tomou posse de seu território.
A destruição dessas nações se deu porque eram indescritivelmente perversas, praticando sacrifícios de crianças e prostituição cultual. Deus havia sido longânimo com elas, mas seu tempo de julgamento havia chegado. A erradicação dessas civilizações era crucial para evitar que Israel fosse tentado pela idolatria pagã e para que o plano de Deus de trazer o Salvador ao mundo através de Israel não fosse ameaçado.
Implicações e o Caráter de Deus
Deuteronômio 2 não apenas narra uma jornada física, mas também revela aspectos profundos do caráter de Deus:
Sua soberania sobre as nações: Deus distribui os territórios segundo Sua vontade soberana. Ele até ajudou outras nações a se estabelecerem. O profeta Daniel diz que Deus "remove os reis e estabelece os reis" (cf. Daniel 2:21-22).
Sua lembrança e fidelidade: Ele se lembrou dos parentes de Abraão (Esaú e Ló) e os abençoou.
Sua justiça e juízo: Ele demonstrou longanimidade, mas também executou juízo sobre nações perversas que ameaçavam o propósito de Israel.
Sua provisão para o Seu povo: Ele proveu para Israel no deserto, assegurando que nada lhes faltasse.
A derrota de Seom (e posteriormente Ogue) foi um sinal para as outras nações em Canaã, que ouviriam relatos de Israel e tremeriam de medo e angústia. A reputação de Israel os precedia. Este capítulo destaca a importância da obediência a Deus, mesmo em situações complexas de conflito e paz.
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