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Isaías 45:7 ensina que Deus criou o mal?

  • Foto do escritor: Felipe Morais
    Felipe Morais
  • 25 de ago.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de ago.

Entendendo Isaías 45:7: Deus Não é Autor do Mal Moral, mas Soberano sobre Tudo

Está escrito: "Formo a luz, e crio as trevas; faço a paz, e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas" (Isaías 45:7, ACF). Esse versículo, parte do chamado "Oráculo de Ciro" (Isaías 44:24-45:7), tem gerado muitas reflexões teológicas ao longo dos séculos. Será que Deus é o criador do mal moral, como o pecado? Infelizmente, alguns chegam a afirmar que sim, fazendo com que Deus seja percebido como um manipulador cruel e punidor injusto. Vamos explorar esse texto com clareza, contextualizando-o no cenário histórico e bíblico, para mostrar que o "mal" aqui não se refere a pecado, mas a juízos de Deus, especialmente no contexto da restauração de Judá e do julgamento da Babilônia.


Isaías 45:7

O Contexto Histórico: O Oráculo de Ciro e o Exílio

Para entender Isaías 45:7, é essencial mergulhar no contexto do "Oráculo de Ciro". Esse trecho, que vai de Isaías 44:24 a 45:7, traz a promessa divina de levantar Ciro, futuro rei da Pérsia, como um instrumento de Deus. Ele seria tanto um conquistador de nações (Isaías 45:1-4) quanto o libertador de Judá, permitindo o retorno dos judeus do Exílio Babilônico (Isaías 44:26-28). Historicamente, Ciro conquistou a Babilônia em 539 a.C. e emitiu um decreto que autorizou os judeus a voltarem à sua terra, marcando o início do período pós-exílico.

O texto está dentro do contexto de datas-chave relacionadas ao Exílio: 605 a.C., 597 a.C., 586 a.C. (e possivelmente 582 a.C.), períodos em que Judá foi gradualmente levado cativo por Nabucodonosor, rei da Babilônia. Esse cativeiro foi uma consequência dos pecados de Judá, como a idolatria e a desobediência a Deus (2 Crônicas 36:14-17). No entanto, a promessa de restauração brilha em meio à escuridão, e Isaías 45:7 reflete essa dualidade divina: luz e paz (o bem) para Judá, trevas e juízo (o mal) para Babilônia.


Análise dos Termos: "Formo", "Crio", "Faço" e "Mal"

O texto usa verbos no particípio – "formo", "crio", "faço" –, sugerindo uma ação contínua e soberana de Deus. Em hebraico, "formo" (yatzar) e "crio" (bara) indicam atos criativos e providenciais, enquanto "faço" (asah) reforça a execução desse plano. A chave está na palavra "mal", traduzida do hebraico raʿ (רָע), um termo que abrange diversos sentidos dependendo do contexto. Diferente do que alguns poderiam supor, aqui ele não se refere ao mal moral (pecado), mas a calamidade, juízo ou desgraça, como se observa em outros trechos das Escrituras.

Por exemplo, em Amós 3:6 (ACF), lemos: "Tocar-se-á a trombeta na cidade, e o povo não estremecerá? Sucederá algum mal [juízo] na cidade, sem que o Senhor o tenha feito?" (grifo nosso). Aqui, "mal" refere-se a um desastre ou juízo, não a criar o pecado e sim o contrário, uma punição aos pecadores. Basta observar o contexto imediato, onde o Senhor declara: "portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades" (Amós 3:2, ACF, grifo nosso). Da mesma forma, em Jeremias 6:19, Deus diz: "Ouve tu, ó terra! Eis que eu trarei mal [juízo] sobre este povo, o próprio fruto dos seus pensamentos; porque não estão atentos às minhas palavras, e rejeitam a minha lei." (ACF, grifo nosso). Novamente, o contexto aponta para um juízo divino contra os pecadores, e não para Deus como a origem do pecado.


Luz, Paz, Trevas e Mal: Uma Interpretação Contextual

No contexto de Isaías 45:7, "formo a luz e faço a paz" simboliza a restauração de Judá. Após décadas de cativeiro, Deus prometeu trazer os exilados de volta à sua terra, reconstruir Jerusalém e restaurar a paz (Isaías 44:26-28; Esdras 1:1-4). Essa "luz" é a esperança renovada, e a "paz" é a harmonia restaurada entre Deus e Seu povo (leia também o contexto posterior em Isaías 45:8-23).

Por outro lado, "crio as trevas e crio o mal" aponta para o julgamento da Babilônia. Essa nação, responsável por levar Judá ao cativeiro devido à sua impiedade (Habacuque 1:6-11), enfrentou a ira divina por meio de Ciro. As "trevas" representam a queda da Babilônia em 539 a.C., e o "mal" é a calamidade imposta como retribuição pelos pecados dela (Jeremias 50:29; 51:24). Assim, Deus usa Sua soberania sobre as nações para punir os ímpios e libertar os oprimidos, sem ser (de forma alguma) o autor do mal moral.


Deus Não é Autor do Mal Moral

A Bíblia é clara ao afirmar que Deus é santo e justo, sem qualquer sombra de pecado. Isso já é suficiente para entender que não se pode afirmar que, no sentido moral, Deus criou o mal. Em 1João 1:5, diz: "E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma" (ACF, grifo nosso). O mal moral, como o pecado, origina-se da escolha humana, não de Deus. Gênesis 3 mostra Adão e Eva caindo em tentação, e Tiago 1:13-14 reforça: "Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência" (ACF, grifo nosso).

Em Isaías 45:7, o "mal" é, portanto, uma expressão de juízo divino, não de pecado. Deus criou as leis morais e físicas do universo, incluindo a lei do "plantar e colher" (Gálatas 6:7: "Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará."), e permite que as consequências dos atos humanos se manifestem. A Babilônia colheu a destruição por sua impiedade, enquanto Judá recebeu restauração por meio da graça divina.


Conclusão: Deus criou o mal?

Isaías 45:7 não apresenta Deus como o criador do mal moral, mas como o Senhor soberano, com domínio sobre luz e trevas, paz e calamidade, para cumprir Seus propósitos. No contexto do "Oráculo de Ciro", Ele forma a luz e faz a paz para restaurar Judá, e cria trevas e mal para julgar a Babilônia. Essa dualidade reflete a justiça e a misericórdia de Deus, que age com intervenção direta na História da Humanidade. Assim, ao ler esse versículo, entendemos que a soberania divina, mesmo em meio a juízos, aponta para a redenção e a esperança de seu povo.


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Felipe Morais é servo temente ao Senhor, e atua como pastor, Pós-graduado em Teologia, ...

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