Levítico 27 – Os Votos Especiais e a Conclusão do Livro dos Sacerdotes

Add comentário12 de maio de 20226 min de leitura

Levítico 27 – Os Votos Especiais e a Conclusão do Livro dos Sacerdotes

Esse capítulo fala dos votos especiais que poderiam ou não serem resgatados mediante o pagamento do valor estipulado acrescido da quinta parte (ou seja, 100% + 20%). A quinta parte acrescida aos elementos santos estavam definidos também em Levítico 22.14-16.

Pessoas

Se alguém fizesse “um voto especial” ofertando a Deus uma pessoa poderia resgatar por um valor fixado pelo próprio Deus (Lv 27.1-7). Assim como hoje muitos pais oferecem seus filhos para fazer missões, era comum oferecer os filhos ao serviço sagrado no Santuário. Por exemplo, o voto de Ana, mãe de Samuel – (1Sm 1.11,12,22,26,27; 2.11,18).

Os valores de homens e mulheres variavam de acordo com a idade e o sexo de acordo principalmente (mas não exclusivamente) com a capacidade de utilidade para os serviços.

Haviam muitos serviços braçais que exigiam força física, e isso é um dos fatores que faziam com que os homens tivessem uma avaliação maior em relação às mulheres. No entanto, após os sessenta anos de idade os homens perdiam o valor proporcionalmente em relação às mulheres.

No caso das crianças pequenas, em seu comentário sobre Levítico, Rashi (2018, p. 353) diz que esse versículo está falando sobre um adulto que diz: “Eu tomo sobre mim a obrigação de doar para o Templo Sagrado o valor desta criança de cinco anos de idade.”

Há alguns textos que indiquem que algumas mulheres serviam à porta do Tabernáculo (Êx 38.8) e, inclusive os filhos do sacerdote Eli se deitavam com algumas delas profanando assim o nome do Senhor (1Sm 2.22).

Os valores do resgate em siclos[1] (shekel) que era a moeda corrente do Santuário (Lv 27.25), estavam estabelecidos da seguinte maneira:

1 mês a 5 anos – menino 5 siclos, menina 3 siclos
5 a 20 anos – moço 20 siclos, moça 10 siclos
20 a 60 anos – homem 50 siclos, mulher 30 siclos
+ de 60 anos – homem 15 siclos, mulher 10 siclos

No caso de o votante[2] ser pobre a ponto de não conseguir pagar o valor do resgate fixado (Lv 27.8), o sacerdote irá lhe conceder condições mais favoráveis para recuperar como ocorre com a oferta pelo pecado (Lv 5.7-12).

Consagração de outras coisas

Algumas propriedades como casas, campos ou animais poderiam ser consagrados a Deus.

consagrado: Quando se trata de animais e coisas, não se fala mais de voto (nèdèr), mas de sacralização (derivada da raiz qadash). (CHOURAQUI, 1996, p. 299)

Animais puros

No caso de consagrar um animal puro (isto é, dos que poderiam ser oferecidos em sacrifício), eles não poderiam ser os primogênitos; pois esses já são do Senhor(Lv 27.26,27). Após serem consagrados, o ofertante não poderia trocar (por um melhor), nem mudar (para um pior). Se assim fizesse, ambos seriam consagrados a Deus e ficariam à disposição dos sacerdotes.

Animais impuros

No caso de consagrar um animal impuro, dos que não podem ser oferecidos em sacrifício (um jumento por exemplo, serviria para carregar lenha), eles seriam avaliados pelo sacerdote em siclos para que, caso o ofertante quisesse, poderia pagar o resgate obtendo o animal de volta. Para isso, deveria pagar o preço que foi avaliado acrescentando a quinta parte do valor.

A Casa

Ao dedicar uma casa para ser santa ao Senhor (isto é; seria doada para uso dos sacerdotes), o sacerdote fazia a avaliação para que caso o ofertante quisesse, poderia pagar o resgate obtendo a casa de volta. Para isso, deveria pagar o preço que foi avaliado acrescentando a quinta parte do valor.

O Campo

Se alguém dedicava um campo de propriedade hereditária, esse campo ficava consagrado como propriedade do Templo apenas até o Ano do Jubileu. Os campos também tinham valor fixado. O valor é de acordo com o espaço disponível para semear. Um ‘omèr[3] de semente de cevada por de 50 siclos de prata (Lv 27.16).

Se o campo foi consagrado desde o Ano do Jubileu, o sacerdote fará a avaliação pelo valor integral. Se foi consagrado após o Ano do Jubileu, será avaliado segundo os anos restantes até o próximo Ano do Jubileu (Lv 27.17,18).

O resgate do campo pode ser feito pagando o valor da avaliação acrescentado da quinta parte. (Lv 27.19). Caso o ofertante não faça o resgate até o Ano do Jubileu, nunca mais poderá ser resgatado. Esse campo será santo ao Senhor, como campo consagrado; a posse dele será do sacerdote. (Lv 27.20.21)

Se alguém dedicasse um campo que ele arrendou, mas não é dele, então o sacerdote fazia a avaliação até o Ano do Jubileu e o ofertante deveria pagar o valor no mesmo dia. Nesse caso, não se acrescenta a quinta parte. Ao final do Jubileu, o campo retornava a quem era a posse por herança (Lv 27.22-24).

Os Dízimos

Os dízimos da terra (cereais ou frutos) poderiam ser resgatados, pagando o seu valor acrescentando a quinta parte. Porém, os dízimos do gado e do rebanho, não poderiam ser resgatados. Os dízimos do gado e do rebanho também não poderia ser analisado (isto é; investigar se é bom ou mau), nem trocados. Se fossem de algum modo trocados, ambos seriam consagrados ao Senhor (Lv 27.30-34).

Bibliografia

CHOURAQUI, A. A Bíblia – Ele Clama. (Levítico). Tradução de Wanda C. Brant e André Cardoso. Rio de Janeiro: Imago Ed., 1996.

RASHI. Torá-Rashi: Sefer Vayicrá-Levítico: com comentários de Rashi. Tradução de Yaacov Nurkin; Haftarot traduzidas e Targum Onkelos. São Paulo: Maayanot, 2018. (Coleção Torá Rashi; v.3).

[1] Levítico 27.25 – Todo valor é de acordo com o siclo do Santuário: o siclo é de vinte guéra. (CHOURAQUI, 1996, p. 303)

[2] Votante – aquele que fez o voto.

[3] um ‘omèr: Unidade de medida dos volumes igual a dez épha. (CHOURAQUI, 1996, p. 301)

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